Mãe de menino de 4 anos morto por PM em Santos relata: “Eram 15 crianças na rua e mesmo assim a polícia atirou”

Mãe de menino de 4 anos morto por PM em Santos relata: “Eram 15 crianças na rua e mesmo assim a polícia atirou”
Mãe de criança de 4 anos morta em ação policial relata que os oficiais sabiam da presença de crianças na área antes de começarem a atirar

No último domingo (3), um incidente trágico envolvendo a morte de uma criança de apenas 4 anos trouxe comoção ao bairro Morro São Bento, em Santos, São Paulo. Ryan da Silva Andrade foi morto durante uma operação policial, enquanto brincava na rua com outras crianças. Sua mãe, Beatriz da Silva Rosa, afirmou que os policiais começaram a disparar mesmo sabendo que a área estava cheia de crianças e negou que houvesse confronto armado no local.

Beatriz, ainda em luto pela recente perda do marido em outra operação policial, relatou em desespero os últimos momentos do filho:

“Ele conseguiu caminhar até a área da casa da minha prima. Ele levantou a camisa e quando eu olhei estava com um buraco (na barriga), ficou uns cinco minutos me olhando, ficando roxo e pálido.”

A Polícia Militar (PM) declarou, em coletiva de imprensa, que os policiais foram surpreendidos por disparos enquanto patrulhavam a área e apenas revidaram ao ataque, próximo a um ponto conhecido por venda de drogas. Além de Ryan, Gregory Vasconcelos, de 17 anos, também foi morto, e outro adolescente de 15 anos ficou ferido.

Declarações e Controvérsias

O porta-voz da PM, coronel Emerson Massera, afirmou que os disparos que atingiram Ryan possivelmente partiram de uma arma policial, destacando que os agentes foram atacados e precisaram se defender. Contudo, moradores e testemunhas locais contestam a versão oficial, afirmando que não houve troca de tiros e que os policiais atiraram primeiro, sem serem provocados.

“Não teve troca de tiro. Os meninos da biqueira não estavam lá quando a polícia chegou, e os da moto também não estavam armados”, relatou uma moradora ao jornal O Globo.

De acordo com o boletim de ocorrência da PM, foram encontrados um rádio transmissor e duas pistolas com os adolescentes. No entanto, familiares de Gregory contestaram essa afirmação e afirmaram que ele não possuía envolvimento com atividades criminosas.

Contexto e Repercussão

O bairro Morro São Bento, onde ocorreu o incidente, tem histórico de operações policiais intensas. Em fevereiro, Leonel Andrade Santos, marido de Beatriz e pai de Ryan, foi morto em uma operação na mesma região. Segundo a família, Leonel, que usava muletas, não teria condições físicas de resistir à abordagem policial.

O incidente levanta debates sobre a ação policial em áreas de alta densidade populacional e sobre a segurança dos moradores, especialmente das crianças que vivem em bairros afetados por conflitos frequentes.

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